Temos sinalizado que o destino da educação pública está determinado pelo projeto dos capitalistas para a educação da classe trabalhadora. Conhecer este projeto é fundamental para reconhecer os fundamentos da reestruturação da formação da classe trabalhadora que vem se processando há alguns anos com a reforma da educação pública. Apenas neste processo podemos entender as profundas transformações subjacentes ao projeto de “valorização dos professores” que oculta uma profunda reestruturação da forma de ser do professor e de suas condições de trabalho e formação.

Este VI Encontro Marxismo e Políticas de Trabalho e Educação nos pega no turbilhão conjuntural brasileiro no qual, entregue à condução neoliberal dos negócios públicos a serviço dos interesses privados, move-se a mais grave crise econômica, política, social e de saúde pública de nossa história. As contradições deste processo expressam-se em enriquecimento desenfreado dos setores do comércio de comodities e armas; da indústria farmacêutica, de planos de saúde e da morte; de tecnologias de comunicação e informação e educação a distância dos parasitas do setor financeiro; e exclusão e morte da classe trabalhadora em meio ao negacionismo da ciência e corrupção associada à proposições de medicamentos ineficazes a serviço de planos de saúde privados e as especulações na compra de vacinas. São mais de 600.000 mortos em diagnósticos oficiais e já ninguém fala das subnotificações. Dentre estes, os trabalhadores do comércio, transportes, saúde e educação são os mais atingidos! Cerca de 30% da classe trabalhadora brasileira encontra-se desempregada ou empregada de forma precária com salários e condições de trabalho aviltadas! Em agosto de 2021 o salário-mínimo nominal era de R$ 1.110,00 enquanto o salário-mínimo necessário estimado pelo DIEESE é de R$ 5.583,90. O auxílio emergencial de menos de R$ 300 sob intensa burocracia e manobras dificultantes evidencia a necropolítica deste Governo. O custo de vida sobe diariamente com a dolarização dos preços dos combustíveis fósseis, com impacto no preço da gasolina, do gás e de toda a cadeia de produção da cesta básica que já exclui as proteínas da dieta dos trabalhadores e avoluma a população que se encontra na chamada insegurança alimentar – floreio para não falar de fome crônica. O impacto deste caos social é particularmente importante na vida das crianças, dos jovens e no imenso contingente de mulheres em condição de arrimo de família. Neste aspecto, a resposta ultraneoliberal ao atendimento das necessidades educacionais de uma população de 56.015.553 de matriculados em diferentes níveis de ensino em tendência crescente, vem pela via da oferta de ensino produzida em larga escala, controlada por megacorporações educacionais de olho grande na financeirização que avança sobre a educação, prenunciando o massacre dos professores com sobrecarga de trabalho, desvalorização e rebaixamento dos salários e dos direitos trabalhistas.

Quando o futuro está carente de promessas, urge realizar o movimento prático de produzir horizontes! Quando o desmonte da educação pública avança a passos largos, urge arrancar da falta de financiamento, da negação da formação para a ciência, do direito de acesso à formação superior, por contradições, o direito a um horizonte! Longe de uma construção idealizada, evidencia-se a urgência de produção de uma greve geral que paralise a produção e a circulação das comodities. Uma paralisação que seja profundamente solidária com os que estão doentes, passam fome e estão desabrigados para que não agrave o seu sofrimento.

No âmbito da educação, avaliar as condições objetivas e projetar e produzir horizontes é urgente! O M.T.E move-se no seio das políticas de trabalho e formação, nos limites do desmonte da educação pública, defendendo a urgência de uma formação para a abordagem materialista e dialética dos problemas candentes das políticas educacionais, muito cientes que os desafios que enfrentamos revelam carências que só a revolução no modo de produção capitalista pode sanar, tornando cada vez mais atual o desafio lançado em 1848 na Europa Central: “Trabalhadores de todo o mundo, uní-vos”!