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Blog Crítica Prática

DEMOCRACIA PRECISA SER EXEMPLO!

E ESTAMOS MUITO LONGE (no PGEDU, na UFBA, na FACED e no PGEDU) DE GARANTÍ-LA.



 

Prezados colegas da FACED e do PGEDU,

 

Encontramo-nos no momento das eleições do Colegiado do PGEDU FACED UFBA para o biênio 2025-2027.

O fazemos numa conjuntura dificílima, que inclui as lutas pela multipolaridade na economia política e o esforço norte-americano de conservação da unilateralidade imperialista (o lema de Trump é exatamente: "Make America Great Again").

Uma conjuntura de concentração profunda da riqueza e exclusão de mais de 7 bilhões de pessoas em todo o mundo, na qual avança uma política de extermínio na qual os mortos não são mais que números (todo o cone Sul encontra-se imerso em conflitos mortais, estando o Brasil na, preocupante, 6a posição, com o grande capital agrário, mineral e energético comprometendo a existência dos povos do campo, das matas, dos rios, dos fundos de pasto!

Uma conjuntura do esforço dos capitalistas de garantir nas diferentes nações as políticas de desregulamentação da circulação dos capitais e a política de juros altos, que desembocam no Brasil com um processo crescente de desindustrialização e de limitação do nosso desenvolvimento como celeiro do mundo e produtor de comodities (agroindústria, mineração, lençóis freáticos e a base energética como eixos centrais da política econômica a que o Brasil fica restrito na divisão internacional do trabalho).

Uma conjuntura do que vem sendo chamado de revolução conservadora, que vem ameaçando os mandatos democraticamente eleitos, para garantir a subordinação do Brasil aos interesses dos capitais na divisão internacional do trabalho que estão impondo em todo o mundo.

Uma conjuntura na qual entre os “dez mais” ricos que concentram as riquezas dominam os proprietários privados das tecnologias de informática, robótica, internet, inteligência espacial e aero espacial, e na qual as BIGTEC têm peso decisório nas eleições e na formação ideológica de todas as gerações que se movimentam na formação social brasileira.

Uma conjuntura de neoliberalismo associado ao neofascismo violento, que controla as novas tecnologias!

Nesta gravíssima conjuntura não há projeto de futuro para a juventude a não ser a ocupação de postos de trabalho que sequer exigem o ensino fundamental completo (dez milhões estão no Comércio e cerca de 30 milhões em situações de emprego precário e sem direitos trabalhistas)! Os dados estarrecedores informam 10 milhões de desempregados oficiais e mascaram os números de forma que nunca conhecemos os dados reais.

Desde os anos 2000 as condicionalidades do Banco Mundial apontavam que a formação dos professores e a formação das crianças e jovens no Brasil não precisava projetar mais que a formação para o trabalho simples e para as incertezas. Nas avaliações, tudo se reduz ao domínio da matemática e da língua portuguesa. E, claro, a competência para o incerto, para a inovação nos limites do possível e para o empreendimento.

Trava-se nesta conjuntura uma batalha pela educação pública, gratuita e de qualidade direcionada aos interesses de qualificação da classe trabalhadora para que compreenda o mundo em que vive e atua!

Uma batalha que vem recebendo como reação contundente dos capitalistas (neoconservadores incondicionais): (1) a militarização das escolas (especialmente nos estados em que os conflitos rurais são mais contundentes: Bahia, Santa Catarina, Goiás, Rio Grande do Sul, Paraná e avançando); (2) a imposição da mordaça sobre os professores e estudantes; (3) a entrega da educação básica às BIGTECS (Microsoft controla os dados da educação superior e básica como nunca!); (4) a entrega da educação superior ao capital financeiro; (5) a entrega da educação infantil ao setor privado (via vaucherização, como avança na cidade de Salvador de forma alarmante); (6) o rebaixamento dos salários, a quebra das carreiras, o desmonte das condições de trabalho que decorre dos arrochos ficais; (7) o rebaixamento da formação dos professores com profundo impacto na formação da classe trabalhadora, vão desvalorizando continuamente a escola e os trabalhadores da educação, particularmente, os professores!

Nesta conjuntura duríssima, no último 2 de Julho (data em que os trabalhadores apresentam em marcha de lutas as suas reivindicações), a direção da APUB marcha com placas reivindicando o "fora ANDES". Nesta conjuntura em que os capitalistas e seus capachos trabalham para desmontar os organismos de luta dos trabalhadores, encontramo-nos pulverizados, dispersos e carecendo de uma direção que delimite prioridades na árdua tarefa de reorganização dos trabalhadores para a luta por um futuro, que não pode existir sem uma educação que esteja a seu serviço!

Nesta conjuntura cujas múltiplas determinações aqui foram apenas sinalizadas genericamente, estamos elegendo o colegiado que conduzirá o PGEdu no próximo biênio, sob a pressão da nota 7, sob a pressão da produção tomada agora pelo número de dowloads e citações (a que ponto chegamos!), que tal como concentra-se a renda nas mãos dos capitalistas, concentra a formação de mestres e doutores nas mãos dos intelectuais que, com "maior impacto" nos modismos que a conjuntura vai possibilitando desenvolver, são considerados com qualidade para cumprir esta tarefa.

Nesta conjuntura de abandono dos marcos teóricos e de uma epistemologia da prática nos limites do pragmatismo, ou de uma confusa alusão à unidade teoria/prática pouco lastreada nos fundamentos ontológicos e gnosiológicos e suas profundas implicações para a classe trabalhadora, estamos elegendo os professores da FACED que darão a direção ao PGEDU!

A análise das candidaturas evidencia a força (organizada ou não) com que o Departamento II está disputando o PGEDU. Em seguida, temos 4 candidatos do Departamento III e 03 candidatos do Departamento I.

Não é este um dado relevante que sinaliza a direção que se pretende dar ao PGEdu?

Quando o desafio estrutural da educação é monumental, é justamente o Departamento das didáticas e práticas de ensino que se apresenta com contundência para gerir o futuro de um dos mais importantes Programas da Região Nordeste!

 

Apresentei minha candidatura, porque milito disciplinadamente e cotidianamente na base deste programa:

- Ministrando disciplinas obrigatórias,

- Ministrando disciplinas optativas relacionadas à garantia do conhecimento dos fundamentos do materialismo dialético, teoria fundamental para formar professores para a compreensão da gravíssima conjuntura em que estamos nos debatendo para fazer a educação sobreviver e para sobreviver como trabalhadores da educação;

- Orientando na capacidade máxima permitida pelas normas da pós-graduação;

- Orientando PIBIC's

- Publicando (na medida das possibilidades conjunturais e do recuo da teoria) nos periódicos avaliados no QUALIS nos “estratos superiores”.

 

Defendo que o PGEDU não pode se perder numa disputa de cargos (muitas vezes, para garantir que tudo fique como está)!

Que o PGEDU deve garantir a paridade na representação dos 3 Departamentos que constroem a FACED. E como isto não está previsto no Regimento Eleitoral, que os professores do programa devem garantí-lo.

Acima de tudo, defendo que as verbas do PROAP devem ser usadas para formar professores e estudantes para a leitura desta conjuntura e para a nossa organização (organização da FACED e do PGEDU) para o seu enfrentamento.

As verbas do PROAP não podem servir exclusivamente e prioritariamente para alocação do programa nos extratos superiores. Ela precisa servir para colocar este programa na linha de frente da crítica da política de pós-graduação que nos individualiza e divide numa concorrência tola pela meritocracia!

Democracia não pode ser discurso para defender esta ou aquela organização política ou burocracia sindical! Democracia não pode ser bandeira política oportunista para formar maioria e traçar políticas excludentes!

Democracia precisa ser exemplo! E estamos muito longe (no PGEDU e na FACED) de garanti-la.

 

Elza Peixoto - Candidata à representação da linha Educação, Cultura Corporal e Lazer

 
 
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