top of page

Blog Crítica Prática

Notas de estudos conjunturais 1 - concentração da riqueza e exclusão da classe trabalhadora

Atualizado: 19 de ago.


ree

Agravamento da concentração da riqueza e da miséria!

A análise da conjuntura[i] evidencia em todo o mundo o acirramento da concentração da riqueza socialmente produzida, com o fortalecimento da classe dos capitalistas e a expulsão cada vez mais profunda da classe trabalhadora do acesso sequer ao mínimo desta riqueza. Hoje, no planeta habitado por uma estimativa de 8.062 bilhões de pessoas, há 3.028 bilionários que concentram 16,1 trilhões de dólares. Agência que elaboram ranking da concorrência pela concentração das riquezas, apresenta expectativa de que nesta década apareçam os primeiros trilionários[ii].

O impacto desta concentração se faz sentir com violência!

Relatório da OXFAm aponta:

Os bilionários, pouco mais de 2.900 pessoas, enriqueceram, em média, US$ 2 milhões por dia. Os dez mais ricos, por sua vez, enriqueceram em média US$ 100 milhões por dia. Alguém que receba um salário mínimo no Brasil demoraria 109 anos para receber R$ 2 milhões e, pela cotação atual, 650 anos para receber U$$ 2 milhões. “No ano passado, a Oxfam previu um trilionário em uma década. Se as tendências atuais continuarem, haverá agora cinco trilionários em uma década. Enquanto isso, de acordo com o Banco Mundial, o número de pessoas que vivem na pobreza praticamente não mudou desde 1990”, destaca o relatório, que aponta que os 44% mais pobres do mundo vivem com menos de US$ 6,85 por dia.

Para efeito de comparação, o Produto Interno Bruto (PIB) Global, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), teve aumento de cerca de 3,2%, para uma população que a Organização das Nações Unidas (ONU) estima de 8 bilhões de pessoas. Segundo o Banco Mundial, o PIB Global era de US$ 33,86 trilhões em 2000, e chegou aos US$ 106,7 trilhões em 2023, ainda que com diminuição dos índices de extrema pobreza (aqueles que recebem menos de U$$ 2,15 por dia), que eram 29,3% da população mundial em 2000 e são ainda 9% da população nos dados de 2023. A Oxfam destacou que os 10% mais ricos, por sua vez, detém 45% de toda a riqueza do mundo[iii].

Os países que concentram a riqueza socialmente produzida são EUA (902 bilionários concentram US$ 6,8 trilhões em uma população de 341.963.408 habitantes); China (450 bilionários, concentram US$ 1,7 trilhões numa população de 1.411 bilhão de pessoas); Índia (205 bilionários que concentram US$ 941 bilhões numa população de 1,438 bilhão de habitantes) e Alemanha (171 bilionários, que concentram US$ 793 bilhões, numa população de 83,28 milhões de pessoas)[iv].

O Brasil, possui 55 bilionários na lista dos mais ricos do mundo, concentrando 57, 3 bilhões de dólares numa população de 211,1 milhões de habitantes. Estes bilionários possuem negócios concentrados no sistema bancário relacionados ao Nubank, Banco Itaú, Unibanco, BTG Pactual, Boticário e JBS[v].

Os capitais concentrados em mãos destes 3.028 bilionários [e nas mãos dos demais 87,5 milhões de milionários esquecidos[vi]] estão investidos em títulos negociáveis nas Bolsas de Valores pelo mundo, desde que duas condições estejam firmemente garantidas: (1) alto rendimento (com política econômica do país sede da bolsa centrada nos juros altos) e (2) liberdade total para a movimentação destes capitais sem amarras ou ônus. O processo conhecido como financeirização da economia – no qual, desde a crise de 2008, evidencia-se que “o capital financeiro fugiu do controle” (Harvey, O enigma do capital) – com alta volatilidade e capacidade de circulação irrestrita, impacta economias em todo o mundo, tendo importante implicação na reorganização da divisão internacional do trabalho. Entretanto, sob nenhuma hipótese a financeirização pode ser considerada ou compreendida descolada dos processos produtivos diversos, conforme se desenvolvem as forças produtivas e relações de produção em cada formação social[vii].


Das origens da riqueza concentrada

Os dados da Forbes evidenciam como fontes da riqueza concentrada nas mãos de alguns daqueles 3.028 bilionários: a tecnologia (APPLE – Tim Cook; Alphabet; Microsoft; samsung; Tencent; Meta; Intel; Taiwan Semicondutores; Cisco; IBM)[viii]; indústria de veículos elétricos (TESLA – Ellon Musk) e tecnologia espacial (SPACE X – Ellon Musk); controle de bancos de dados (ORACLE) inteligência artificial e redes de comunicação rápida e em larga escala por onde passa o comércio de mercadorias, de informações, opiniões e de conhecimento (Space X – Elon Musk; Amazon – Jeff Bezos; Google – Larry Page e Sergey Brian; Microsoft – Steve Ballmer: META/Facebook – Marx Zukerber)[ix].

Entretanto, rastreando bem, podemos ir chegando à citerioridade dos negócios capitalistas, destacando-se a diversidade de negócios e investimentos que estão na raiz daquele capital financeirizado, que parece multiplicar-se por si mesmo.

A título de exemplos, a empresa Berkshire Hathaway (ligada a Warren Buffet), é referida como envolvida em um conjunto de negócios diversificados, incluindo seguros, energia, transporte ferroviário, manufatura, serviços e varejo. A empresa Zara (de Amancio Ortega) negocia roupas, acessórios, artigos para casa e decorações. A META de Zurkerber possui negócios relacionados a plataformas de redes sociais (Facebook, Instagram, Messenger, WhatsApp), tecnologias de realidade virtual e aumentada (Meta Quest, Ray-Ban Meta), e ferramentas e serviços para empresas (Meta Business Suite, Gerenciador de Anúncios, Parceiros de Negócios da Meta).

É importante não esquecer que todos os segmentos citados até aqui dependem de equipamentos diversos que para a sua produção demandam matéria prima, fábricas (sim! Elas não deixaram de existir!) e força de trabalhado qualificada para o tipo específico de atividade para a qual foi contratado (é verdade, cada vez menos pessoal em processos produtivos cada vez mais mecanizados, robotizados e informatizados), e uma base energética gigantesca (em si, um negócio sem prazo de validade, o típico investimento “líquido e certo!”).

Há imensa quantidade de capitais concentrados em empresas ligadas ao setor energético, tais como Petrobrás, State Grid Corporation of China; ENEL (multinacional italiana), EDF (Francesa), a TEPCO Tokyo Electric Power Company (Japonesa); KEPCO - Korea Electric Power Corporation (Coreana), ENGIE (Francesa); General Eletric - Energia Renovável e Iluminação; Siemens - incluindo Power and Gas, Energy Management e Siemens Gamesa Renewable Energy; E.ON (Alemanha)[x]. Em expansão, outras empresas destes setor são destacadas: Ultrapar (venda de gás liquefeito de petróleo – Brasil); RushHydro (especializada em Energia Hidrelétrica – Russa); Resources (usinas termelétricas à base de carvão mineral – Chinesa); Abu Dhabi National Energy (geração de energia, dessalinização de água e produção e estocagem de petróleo e gás natural, atuando também no setor de produção de alumínium); NuStar Energy (refino e comercialização de asfalto, além de operar terminais de petróleo e oleodutos - EUA); Moscow United Electric Power (serviços de transmissão e distribuição de eletricidade na região de Moscou – Russia); PTT Aromatics (refino de petróleo para produção de derivados e produtos petroquímicos, como benzeno e tolueno - Tailandia); Iberdrola Renewables (energia eólica, atua no desenvolvimento e construção de turbinas para o setor e para gás natural, iniciou investimentos em uma planta de energia à base de biomassa - EUA); Adaro Energy (opera minas de carvão e atua também como trading e transporte de minérios - Asia); Tata Power (geração, transmissão e distribuição de energia - Índia)[xi]. O detalhamento das movimentações de negócios que este conjunto de empresas move, evidenciado nos seus relatórios de gestão e resultados, é a realidade efetiva de que não há nada de vaporoso nos seus negócios!

A lista de matérias primas e serviços que estão na base da riqueza acumulada pelos bilionários em todo o mundo é extensa. Para o debate da conjuntura, importa apenas que reconheçamos que a riqueza concentrada, por exemplo, nas empresas Apple, Google; Microsoft; META/Facebook; Amazon, Oracle não seria possível sem a existência das máquinas e equipamentos que possibilitam o tipo particular de operação que estas empresas realizam. Sem computadores e celulares elas não poderiam existir. Sem metais raros e toda a base energética, seria impossível que estes computadores fossem produzidos. Por menor que seja a quantidade de trabalhadores extraindo metais raros e produzindo máquinas e equipamentos, é na extração de mais valia durante o processo da produção que se forma o valor que vai circulando para a financeirização e a concentração da riqueza.

Na base de toda esta cadeia produtiva, aqui tomada apenas de forma muito fragmentada, encontramos a extração de mais valia sobre o trabalho de mineiros, trabalhadores dos transportes de carga, trabalhadores das industriais de componentes para computadores e celulares, de programadores, de eletricitários, de químicos, de designers etc. Encontramos aqui os valores que estão na base da imensa riqueza acumulada e multiplicada em múltiplas esferas de investimentos e negócios, que envolvem outros tantos capitalistas.

Não é demais recordar que para que todo e qualquer trabalhador que ainda encontra trabalho possa realizar trabalho, necessita estar alimentado (envolvendo a produção de alimentos, o armazenamento e transporte destes alimentos e a sua comercialização), estar vestidos (envolvendo aqui toda a indústria de matéria prima para a indústria têxtil, e o fabrico, transporte e comércio de roupas), habitar (toda a cadeia produtiva de construção civil está nesta base), e transportar-se (toda a indústria automobilística, de asfalto, de formação de condutores, de produção de leis de circulação, de transportes públicos, e de combustíveis está na base desta necessidade). Os capitais e os capitalistas vão escavando e procurando os nichos de necessidades vitais (“provenham do estômago ou da fantasia”) que serão convertidos em “valores de uso” – mercadorias – que oito bilhões de pessoas em todo o mundo de alguma forma, carecerem! E está nos processos de produção de mercadorias que satisfaçam necessidades humanas a raiz de toda a complexa divisão internacional do trabalho, que faz com que o que consumimos aqui e agora, de alguma forma, esteja conectado com a divisão social do trabalho interna a cada continente. “Made in”, é o indicador de origem de cada produto final de uma cadeia produtiva determinada que, espalhada pelo mundo, encontra-se oculta na mercadoria que, como consumidores finais, vamos consumir em uma dada localidade!

Entretanto, as análises de conjuntura, supreendentemente, abandonam a crítica do processo histórico que promove esta acumulação de riqueza, acreditando realmente que a financeirização é produzida em um processo de abstrato, descolado dos processos produtivos diretos e da extração de mais valia!

Nós, pelo contrário, compreendemos que a teoria da mais valia continua central para a crítica das relações de produção capitalistas, marcadas pelo agravamento de processos de emprego de força de trabalho, cada vez mais precarizados e explorados, (e aqui, concordamos), em todos os espaços da vida e sobre todas as necessidades humanas, produzindo valores de uso que são vertiginosamente convertidos em mercadoria a ser revertida, por processos comerciais complexos, em mais valia para os capitalistas[xii].

Em processos complexos e em muitas frentes os capitalistas avançam com violência redirecionando todos os recursos naturais, financeiros, científicos e tecnológicos para o projeto de futuro extremamente excludente que estão produzindo, promovendo aumento dos custos de produção da existência da classe trabalhadora e descarte de trabalhadores e seus filhos em todo o mundo, principalmente, por meio de guerras e conflitos que tem como fundamento, exatamente, a expropriação dos territórios onde se vive e trabalha, mas não só.

Pobreza e a violência crescentes – a face contraditória da concentração da riqueza

O relatório acerca “do progresso global” relativo à “meta” de “erradicação da pobreza” do Banco Mundial, já considera a década 2020-2030 como a “década perdida” neste plano fantasioso de concertação do capitalismo que segmentos relevantes da esquerda têm abraçado e com o qual iludiram à classe trabalhadora!


A redução da pobreza global foi se desacelerando até quase parar, e a expectativa é que 2020–2030 seja uma década perdida. Atualmente, 8,5% da população mundial vive em extrema pobreza (ou seja, com menos de US$ 2,15 por pessoa ao dia) [...].

Se considerarmos uma linha de pobreza mais relevante para os países de renda média alta (US$ 6,85 por pessoa ao dia), 44% da população mundial vive na pobreza. Devido ao crescimento populacional, o número de pessoas nesse grupo quase não mudou desde 1990.

No ritmo atual de progresso, seriam necessárias algumas décadas para erradicar a pobreza extrema, e mais de um século para que todos passassem a ganhar mais de US$ 6,85 por dia.[xiii]


Por todo o lado os trabalhadores resistem, (i) encontrando formas de produzir sua existência e (ii) enfrentando os múltiplos ataques que sofrem dos do aparato legislativo que favorece à propriedade privada das forças produtivas e dos produtos do trabalho social, e do braço armado (milícias, polícias, exércitos) que garante a propriedade privada. Nossa análise de conjuntura não pode deixar de dar atenção à forma como a questão social do acesso à terra, à moradia, à água, ao alimento, ao emprego e à educação, à segurança social, à saúde, converte-se cada vez mais em questão de segurança pública resolvida pela polícia, pelo cárcere ou pelas balas. Os dados da World Prison Brief (WPB) acerca da população encarcerada em todo o mundo é significativo, destacando-se United States of América (1.808.100); China (1.690.000), Brasil (909.067), Índia (573.220), Russian Federation (433.006), Turkey (416.937)[xiv]. A lista prossegue decrescente listando Indonésia, Tailandia, México, Iran, Philipinas, Africa do Sul, Vetnan, Egito, Ethiopia, El Salvador, Paquistão, Colombia, Morocco, Peru e Myanmar, com população carcerária entre 277.489 e 100.24 pessoas.


ree

O “Índice de Conflitos” em todo o mundo evidencia que estes “duplicaram nos últimos 5 anos”, anotando-se 50 países com “níveis extremos, altos ou turbulentos” de conflitos. O Índice informa um aumento de 25% nos incidentes de violência política nos últimos 12 meses em todo o mundo[xv].

Em 2025 “quase 200.000 conflitos, com mais 233.000 mortes[xvi] foram registrados em todo o mundo! Espalham-se pela Palestina, Miamar, Síria, México, Nigéria, Brasil, Líbano, Sudão, Camarões, Colômbia, Haiti, Paquistão, na República Democrática do Congo, Ucrânia, Índia, Iemen, Traque, Bangladesh, Rússia, Etiópia, Somália, Mali, Quenia, Jamaica, Sudão do Sulk, Honduras, Venezuela, Burkina Faso, Afeganistão, Filipinas, Trinidad Tobago, Israel, Burundi, Porto Rico, Áfrca do Sul, Guatemala, Níger, República Centro-Africana, Líbia, Moçambique, Indonésia, Equador, peru, Uganda, Benin, Madagascar, Gana, Irã, Iraque e Chade.

No mapa dos conflitos, o Brasil aparece em 6º lugar com níveis extremos de violência identificados[xvii] e inspirando atenção!


ree

O projeto dos capitalistas de progressão na apropriação das riquezas em todo o mundo (minérios em geral e particularmente minérios raros, fontes de energia, água, terras agriculturáveis e com elas as fontes de alimentação, os meios de adoecimento e controle de adoecimento etc.), que tem no centro os segmentos de capitalistas que controlam (I) o capital financeiro com peso crescente (II) as Big Tecs (controlando a informação em geral, os dados dos indivíduos em particular, e métodos de contenção e circulação de informações), em associação com: (i) a indústria armamentista e bélica, (ii) a indústria mineradora extrativista de todos os tipos de minerais, (iii) o agronegócio, (iv) a indústria de produção das bases energéticas; a indústria metal mecânica de meios de transportes em seus vários segmentos, (v) a construção civil, os setores que controlam (vi) a bases energéticas, (vii) a água, (viii) a produção, o comércio e distribuição dos alimentos; os segmentos que controlam (ix) os meios de acesso aos tratamentos de saúde; os setores que controlam (viii) os fármacos e os cosméticos, expõem sua face contundente no gravíssimos dados sobre os conflitos mundiais!

A análise rigorosa de todos os conflitos mundiais em andamento vai encontrar como fundamento (a) processos de expropriação das riquezas próprias do território de cada continente onde o conflito se processa, (b) a contenção de lutas de resistência dos povos contra esta expropriação com queima seletiva de força de trabalho excedente.

A título de exemplo, durante as negociações em torno da Guerra na Ucrania, revela-se o interesse Norte-Americano[xviii] pelos metais ou “elementos de terras raras”[xix] que estão na base da indústria dos “dispositivos de alta tecnologia”, encontrando-se entre estes “eletrônicos de consumo e dispositivos médicos até sistemas avançados de defesa”[xx]. Enquanto reunimos os dados para estas notas conjunturais, matéria de 16.06.2025 da FORBES anuncia o lançamento do serviço de celular “Trump Mobile”[xxi], evidenciando-se aqui os fundamentos da íntima conexão entre os termos “extrema direita”, “guerra de tarifas”, “guerra da Ucrânia” e “mineração de terras raras”, quando os próprios capitalistas, despreocupados nos superpoderes de que se acham incumbidos, revelam seus interesses publicamente.


Descarte de força de trabalho – vidas de jovens, adolescentes, crianças, mulheres e população LGBTQIA+ em risco!


A vida descartável de 8 bilhões de pessoas (que em sua maioria absoluta em todo o mundo, restam com a única alternativa de trocar trabalho por salário com quem, proprietários de forças produtivas, oferta emprego) se faz sentir (a) nas taxas de desemprego e subemprego em todo o mundo; (b) no achatamento dos salários, (c) na retirada dos direitos trabalhistas e previdenciários; (d) na gestão de pandemias e da saúde pública em geral, com uma estrutura cada de pessoal e de maios cada vez menor e mais precária para atender uma população carente que cresce; (e) nos conflitos bélicos em todo o mundo; (f) na mobilidade de força de trabalho empurrada de volta às nações de origem, entregues à própria sorte (expressa na xenofobia e nas leis de impedimento de imigração).

Este processo de descarte de vida humana é particularmente violento sobre os povos da América Central, América do Sul e da África, sem deixar de se apresentar entre diferentes etnias que transitam e habitam nos países ricos.

Todo este processo se expressa em altíssimo índices de violência contra a juventude (condenada ao desemprego, ao subemprego e ao trabalho em condições precárias e com cada vez menos direitos trabalhistas), às mulheres (aumentam os índices de feminicídio e a misoginia) e as crianças (que padecem da carência dos meios básicos para permanecerem vivas, incluindo o acesso à alimentação, à agua potável, à segurança social e à vida – as imagens do genocídio praticado por Israel na Palestina, não podem apagar a tragédia da situação das crianças em muitos países de África, Índia e no interior do Brasil profundo). A vida de jovens, crianças e mulheres encontra-se particularmente ameaçada pelo crescente comércio de drogas, de armas e o tráfico de mulheres e crianças[XXI]. Este último, sequer é referido de forma aberta nos círculos acadêmicos.

Nos posts a seguir traremos notas acerca dos nexos dos interesses das BigTecs subjacentes à guerras e conflito pelos mundo.

Notas:


[i] Conjuntura – “[...] fatos e acontecimento demarcados no tempo e no espeço que explicam uma realidade política, econômica ou social. Ou seja, são encontros, combinações ou concorrência de acontecimentos ou eventos numa dada situação ou circunstâncias e em determinado período que pode ser favorável ou desfavorável para a realização de algo”.

Análise de conjuntura “é um retrato dinâmica da realidade, que considera acontecimento (fatos), palco ou cenário do acontecimento (local), atores (quem), relações das forças (política) e articulação ou relações entre estrutura e conjuntura”.

“A análise de conjuntura, portanto, é produzida com base num conjunto de informações contextualizadas historicamente, que consideram aspectos econômicos, sociais, culturais, políticos e tecnológicos locais, nacionais e internacionais. A virtude da análise de conjuntura está em permitir identificar tendências com capacidade de influenciar positiva (oportunidade) ou negativamente (ameaça) os interesses dos agentes políticos, econômicos e sociais.

A análise de conjuntura, para ser eficaz, precisa considerar, de forma equilibrada, os princípios do interesse e da realidade. Ela deve buscar dimensionar as forças que participam da dinâmica social, distinguindo as condições subjetivas (vontade) das objetivas (realidade).  O analista não pode se guiar apenas pela vontade e ignorar aspectos que desgoste da realidade nem supervalorizar as forças aliadas e subestimar os recursos dos adversários. 

Não existe análise de conjuntura neutra ou desinteressada. Ela sempre terá lado, ou seja, a leitura da realidade sempre é feita sob determinado enfoque ou ponto de vista. Segundo Luiz Eduardo Prates da Silva “ela expressa o esforço de compreensão de uma determinada realidade, mas sempre pressupõe um posicionamento assumido previamente”. A escolha das variáveis de análise já caracteriza uma opção frente à realidade. 

O fato de ter lado, entretanto, não pode levar ao sectarismo inconsequente nem à visão voluntarista de que basta vontade política para dar rumo aos acontecimentos, ignorando a correlação de forças. Esse é o caminho mais curto para o fracasso. A realidade, apesar de multifacetada, é uma só, porém leva a diferentes interpretações e formas de ação ou de intervenção, dependendo da abordagem ou do interesse do segmento, grupo ou pessoa que a análise. 

Nessa perspectiva, a análise de conjuntura é dinâmica e sua leitura varia na exata medida em que os ciclos políticos, econômicos e sociais mudam, seja em seu período de transição, seja em momentos de ruptura. Quem faz análise de conjuntura consegue ser mais eficaz no que faz, porque é capaz de avaliar os prós e contra do momento em que vai tomar uma decisão.” Fonte: DIAP – Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar. O que é análise de conjuntura. Disponível em: https://www.diap.org.br/index.php/noticias/artigos/90089-o-que-e-analise-de-conjuntura 

“[...] eventos não são estáticos nem singulares, mas fazem parte de um processo complexo [...]

As análises conjunturais são uma ferramenta importante para entender essa complexidade, pois buscam explicar o processo dinâmico da história em um determinado momento. Qualquer ponto no tempo está enraizado em um passado e em um futuro: o passado molda o presente, mas o presente também pressagia o que pode vir no futuro, dependendo de como se intervém agora. É por isso que as análises de conjuntura, derivadas de uma história de análise marxista e do trabalho dos movimentos políticos e sociais que as conduzem, estão enraizadas em quatro princípios:

1.          História. Como os eventos não ocorrem isoladamente, mas fazem parte de um processo de longo prazo, deve haver uma distinção entre eventos incidentais ou ocasionais e eventos orgânicos ou estruturais.

2.          Totalidade. Os eventos estão interconectados. Eles fazem parte de uma estrutura complexa que abrange várias possibilidades.

3.          Estrutura. Os eventos ocorrem em uma estrutura que inclui aspectos econômicos, políticos, sociais e culturais e na qual as pessoas são organizadas em classes e blocos de poder que interagem por meio de instituições e ideias.

Política. Os eventos devem ser compreendidos de forma ativa, o que significa perguntar como uma força política agirá para moldar o futuro, em vez de assistir passivamente ao desenrolar do futuro. Responder a essa pergunta requer uma análise minuciosa da natureza da formação de classes, do equilíbrio das forças políticas e das tradições culturais que poderiam promover uma determinada agenda política.” PASHAD, Vijay. Como fazer uma análise de conjuntura. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/colunista/vijay-prashad/2024/10/21/como-fazer-uma-analise-de-conjuntura/ 


[ii] SOLUÇÕES INDUSTRIAIS. Bilionários da Forbes 2025: 3 Mil Pessoas com US$ 16 Trilhões Disponível em: https://www.solucoesindustriais.com.br/news/cases-e-analises/bilionarios-da-forbes-2025/ 

“[...] durante a pandemia de covid-19. Surgiram 204 novos bilionários no planeta, e o ritmo de enriquecimento dos super-ricos aumentou três vezes em relação a 2023.” Disponível: https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2025-01/ritmo-de-concentracao-de-renda-aumenta-mostra-relatorio-oxfam-2025 


[iii]  Relatório da organização não governamental (ONG) internacional Oxfam. Dados disponíveis no Relatório da organização não governamental (ONG) internacional Oxfam https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2025-01/ritmo-de-concentracao-de-renda-aumenta-mostra-relatorio-oxfam-2025


[iv] CPG Click Petróleo e Gás. Os países com mais bilionários no mundo em 2025 — líder da lista possui quase o dobro do segundo colocado. Disponível em: https://clickpetroleoegas.com.br/os-paises-com-mais-bilionarios-no-mundo-em-2025-lider-da-lista-possui-quase-o-dobro-do-segundo-colocado/ 


[v]  VEJA. Brasil tem 47 bilionários na lista dos mais  ricos da Forbes. Disponível em: https://veja.abril.com.br/economia/brasil-tem-47-bilionarios-na-lista-dos-mais-ricos-da-forbes-david-velez-do-nubank-lidera/ 


[vi] UOL. Economia. Quantos milionários existem no mundo? Banco estima 87,5 milhões até 2026 ... – Disponível em: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2022/09/20/quantos-milionarios-existem-no-mundo-pesquisa-estima-875-milhoes-ate-2026.htm?cmpid=copiaecola 


[vii]  Cada Modo de Produção em cada formação social envolve o movimento contraditório e dialético das relações entre estágio de desenvolvimento das forças produtivas e relações sociais de produção. É este traço que possibilita caracterizar o modo de produção predominante em uma dada época. Encontramos esta formulação embrionária em MARX, K. (A ideologia alemã.) Por ocasião da publicação de Para a crítica da economia política, Marx retoma esta formulação desenvolvendo-a com mais precisão. Uma leitura atenta das notas de “O Capital” possibilita reconhecer que Marx não perdeu esta concepção de vista. Com um caráter de longa duração, Engels vai utilizar esta mesma referência para elaborar a obra “O desenvolvimento do socialismo da utopia à ciência”.


[viii] FORBES. APPLE é a maior empresa de tecnologia do mundo. Disponível em: https://forbes.com.br/forbes-tech/2022/05/as-maiores-empresas-de-tecnologia-do-mundo-em-2022/ 


[ix] SOLUCOES INDUSTRIAIS. Bilionários da Forbes 2025: 3 Mil Pessoas com US$ 16 Trilhões. Disponível em: https://www.solucoesindustriais.com.br/news/cases-e-analises/bilionarios-da-forbes-2025/ 


[x] - 10 maiores empresa de energia do mundo. Disponível em:  https://tecnothink.com.br/10-maiores-empresas-de-energia-do-mundo/ 


[xi]   EXAME. As 10 empresas de energia que mais crescem no mundo. Disponível em: https://exame.com/negocios/as-10-empresas-de-energia-que-mais-crescem-no-mundo/ 


[xii]  Capitalista. Categoria econômica utilizada por Karl Marx para identificar as pessoas constituintes de uma classe de proprietários de forças produtivas (capital, a terra, as ferramentas e todos o meios de produção da existência).


[xiv]  World Prison Brief (WBP). Highest to Lowest - Prison Population Total. Disponível em: https://www.prisonstudies.org/highest-to-lowest/prison-population-total?field_region_taxonomy_tid=All


[xv]   A ACLED define-se como “Uma organização internacional independente, imparcial e sem fins lucrativos que coleta dados sobre conflitos violentos e protestos em todos os países e territórios do mundo.” Disponível em: https://acleddata-com.translate.goog/conflict-index/?_x_tr_sl=en&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt&_x_tr_pto=tc 


[xvi]   Conflitos globais duplicam nos últimos cinco anos Disponível em: https://acleddata-com.translate.goog/conflict-index/?_x_tr_sl=en&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt&_x_tr_pto=tc 


[xvii] Índice de Conflito: Dezembro de 2024. Disponível em:  https://acleddata-com.translate.goog/conflict-index/?_x_tr_sl=en&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt&_x_tr_pto=tc  Acesso em: 15.06.2025.


[xviii] BBC News. Os minerais raros da Ucrânia cobiçados por Trump. Disponível em:  https://www.bbc.com/portuguese/articles/cp8leg4yk3po 


[xix] São os 17 elementos, incluindo os 15 elementos de anídeos ; cério, disprósio, érbio, europium, gadolínio, Holmium, lantânio, lutetium, neodímio, praseodímio, proménio, samarium, terbium, Thulium, ytterbium, ítrio e escandium Disponível em: https://www.cummins.com/pt/news/2021/04/19/what-are-tech-metals-and-rare-earth-elements-and-how-are-they-used 


[xx] Muitos desses elementos raros da terra e metais tecnológicos são ingredientes críticos de nossos dispositivos de alta tecnologia 2. Cerium é usado em lâmpadas, TVs e fornos. Dysprosium é misturado em ligas usadas em turbinas eólicas, veículos elétricos e reatores nucleares. Erbium é usado em lasers e cabos de fibra óptica. Europium é usado em lâmpadas, reatores nucleares e lasers. Gadolinium é usado em ímãs, reatores nucleares e imagens de ressonância magnética (MRI). Holmium é usado em ímãs e reatores nucleares. Lantthanum é misturado em ligas que são usadas em baterias e veículos a hidrogênio. Lutetium é usado como catalisador nas refinarias. Neodímio é usado em ímãs e lasers. Raseodímio é usado em motores de aeronaves, cabos de fibra óptica e ímãs. Proménio é usado em pacemakers e mísseis teleguiados. Samarium é usado em dispositivos de microondas e ímãs. Terbium é usado em lâmpadas, dispositivos de memória e raios-x. Thulium é usado em lasers. Ytterbium é usado em displays, máquinas de raios x e cabos de fibra óptica. Yttrium é usado em radares e como um aditivo dentro de ligas usadas em dispositivos de alta tecnologia. Scandium é usado para células de combustível e ligas usadas em aviões a jato. Cobalt é usado em superligas, turbinas a jato e baterias recarregáveis. Lítio é comumente usado em baterias. Tantalum é usado em capacitores, resistores e outros equipamentos eletrônicos. Indium é frequentemente usado em telas de LCD. Gálio é usado em circuitos integrados, LEDs e semicondutores. Nióbio é usado em ligas de aço que fazem parte dos motores a jato e foguetes. Selênio é usado em photocells e retificadores. Zircônio é usado em estações de energia nuclear. Disponível em: https://www.cummins.com/pt/news/2021/04/19/what-are-tech-metals-and-rare-earth-elements-and-how-are-they-used

“Os REEs têm propriedades magnéticas, ópticas e eletrônicas únicas que os tornam cruciais (e difíceis de substituir) para muitos usos, como turbinas eólicas, painéis solares, veículos elétricos, telas de LED e LCD, discos rígidos, cabos de fibra óptica, catalisadores, ligas de aço, tecnologias de hidrogênio e todos os tipos de motores elétricos para carros, brinquedos ou drones. No entanto, os REEs não são estratégicos apenas para baterias eólicas, solares ou elétricas, mas  também para a engenharia de defesa e aeroespacial  : para produzir aeronaves, mísseis, satélites e sistemas de comunicação. De fato, a proposta da Comissão Europeia para a  Lei de Matérias-Primas Críticas da UE , publicada na primavera de 2023, menciona a necessidade estratégica desses materiais para a transição verde e digital, bem como para a defesa e a indústria aeroespacial.” Disponível em: https://ips--dc-org.translate.goog/mapping-the-impact-and-conflicts-of-rare-earth-elements/?_x_tr_sl=en&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt&_x_tr_pto=tc 


[xxi] “A Trump Organization anunciou nesta segunda-feira (16) o seu mais novo empreendimento – um serviço de telefonia celular e uma linha de smartphones – com uma marca fortemente associada ao presidente Donald Trump. Esse é mais um exemplo das fronteiras incertas entre o cargo de Trump na Casa Branca e os negócios privados de sua família”. A matéria informa que a ““Trump Mobile” oferecerá planos mensais com ligações, mensagens de texto e dados, além de um aparelho próprio”, modelo exclusivo “modelo exclusivo, o “T1 Phone”. A Trump Organization também anunciou recentemente diversos negócios internacionais de grande porte, incluindo um clube de golfe de US$ 1,5 bilhão (R$ 8,25 bilhões) no Vietnã. FORBES. Serviço de Celular “Trump Mobile” É Anunciado Leia mais em: https://forbes.com.br/forbes-money/2025/06/servico-de-celular-trump-mobile-e-anunciado/?utm_campaign=servico_de_celular_trump_mobile_e_anunciado_-1606&utm_medium=Social&utm_source=NewsMoney


[xxii] “O relatório revela que, globalmente, mulheres e meninas continuam representando a maioria das vítimas (61% em 2022). A maior parte das meninas vítimas detectadas (60%) continua sendo traficada para fins de exploração sexual.” Nações Unidas. Relatório global do UNODC sobre tráfico de pessoas: número de vítimas detectadas aumenta 25%, com mais crianças exploradas e casos de trabalho análogo à escravidão em alta. Disponível em: https://www.unodc.org/cofrb/pt/noticias/2024/12/relatrio-global-do-unodc-sobre-trfico-de-pessoas_-nmero-de-vtimas-detectadas-aumenta-25--com-mais-crianas-exploradas-e-casos-de-trabalho-anlogo--escravido-em-alta.html 

bottom of page