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Blog Crítica Prática

PARA A CRÍTICA DOS FUNDAMENTOS DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES – O PROBLEMA DA PRÁTICA - XXVI EPEN

Link de acesso para pedidos de livros: https://forms.gle/3g1xw2dBN6iSrHaH6


Boa tarde!


Sou Elza Peixoto, Professora da Faculdade de Educação da UFBA e tenho neste momento a tarefa de fazer a divulgação de livro que foi lançado em agosto de 2021. Em que pese um ano do lançamento oficial, a obra ainda é pouco conhecida na região Nordeste, sendo mais difundida nas Regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste e menos na região Nordeste onde chegou com força no Estado da Bahia (53 livros), Maranhão (06 exemplares), Paraíba (02 exemplares), Pernambuco (01 exemplar), Rio Grande do Norte (01 exemplar), no Piaui (nenhum exemplar). Sendo Nordestina, para mim é fundamental ver circular por aqui o nosso livro. Por esta razão consideramos relevante incluir o livro na agenda de lançamentos do XXVI Encontro de Pesquisa Educacional do Nordeste, Reunião Regional da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Educação que ocorre este ano no Maranhão. Esperamos desta forma abrir o diálogo com o Nordeste acerca das questões que estamos debatendo que giram basicamente em torno do apanhar dos pressupostos para a abordagem materialista e dialética ao problema da prática.

Penso que cabe um breve histórico acerca do processo que gera o livro, que é narrado no próprio livro. O problema da prática é candente no âmbito da formação de professores, da produção do conhecimento e da militância política, particularmente, a militância de esquerda. Foi, portanto, como questão objetiva que me deparei com este problema, quando (i) atuei na formação para o ensino de educação física escolar, na prática de ensino e no acompanhamento do estágio supervisionado; (ii) quando atuei na formação para a pesquisa científica e (iii) em todo o processo da militância política nas Universidades e Institutos Federais nos quais trabalhei. Os estudos que eu havia realizado acerca do materialismo dialético em Marx e Engels não me autorizavam a seguir cegamente a regra muito reproduzida e pouco pensada que diz que “a prática é o critério de verdade”. Quando o Governo Brasileiro empurrou a formação de professores para a internacionalização, apareceu a oportunidade de fazer o Pós-Doutoramento no exterior, e eu não tive dúvidas acerca da possibilidade de que estes estudos ocorressem sob a supervisão do filósofo marxista português José Barata-Moura, a quem eu havia conhecido durante a fala de abertura que fez no Congresso Internacional Karl Marx realizado na Universidade Nova de Lisboa, no ano de 2008. A imensa generosidade do prof. Barata-Moura expressou-se no aceite que deu para minha ida para um ciclo de estudos com ele no Departamento de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Levei então o projeto “A prática como critério de verdade no debate sobre a possibilidade do conhecimento: a posição marxista clássica e as contribuições para a formação para o trabalho pedagógico em educação física” (PEIXOTO, 2013), contando com o financiamento da CAPES (BEX1571/14-1). Durante o processo dos 04 cursos que fiz com o professor Barata-Moura, mostrou-se evidente o peso daquele intelectual. Nos estudos sobre o Idealismo Alemão Clássico, tive a oportunidade de ler e estudar a teoria sobre a possibilidade do conhecimento de Kant (Crítica da razão pura), e no processo de leitura das posições do professor Barata-Moura sobre Kant, deparei-me com uma nota que anunciava uma pesquisa de longa duração na qual o Professor Barata-Moura investigava em diferentes clássicos da filosofia acerca do problema da prática. A síntese acerca destas pesquisas circulou no Brasil de forma resumida em um livrinho “Prática – para a aclaração do seu sentido como categoria filosófica”, e para o que nos interessa, portava a tese de que no âmbito do marxismo a prática é transformação material expressa nas figuras do trabalho, da política e do experimento. Havia assumido com a CAPES uma tarefa e iria cumpri-la, mas a inquietação com a existência daqueles estudos que não chegavam ao Brasil sobre um tema tão caro ao debate brasileiro me provocava. E assim que surgiu em 2019 a possibilidade de um novo pós-doutoramento, desta feita realizado junto ao Prof. Alberto Reinaldo Reppold da UFRGS, o objeto já estava definido.

O livro que ora lançamos é fruto do esforço de uma primeira aproximação à vasta revisão empreendida pelo Prof. Barata-Moura sobre as abordagens do problema da prática no debate filosófico, associada à tentativa de relacionar esta discussão com a formação de professores. Isto é feito em uma fase de recuperação dos debates brasileiros sobre a prática de ensino e o estágio na formação de professores. Em seguida, recuperamos os estudos de José Barata-Moura sobre o tema da prática, apresentando um resumo das reflexões que o autor realiza em cada uma das três obras que delimitamos, que culmina com a constatação da existência de um idealismo da práxis que Barata-Moura encontra inclusive entre clássicos do marxismo como Gramsci e Lukács (um tema instigante que carece aprofundamento o que pretendo fazer em estudos futuros). Em dois movimentos de aprofundamento teórico, trago no segundo capítulo a análise de Barata-Moura acerca da 3ª Tese sobre Feuerbach de Karl Marx, e no 4º capítulo o problema do conhecimento subjacente ao problema da prática, o tema da verdade, que assoma como uma constante no debate acerca da correspondência entre formação da consciência e existência objetiva do trabalho pedagógico na formação de professores. O livro é finalizado com uma análise crítica de três obras de intelectuais que influenciam a formação de professores no Brasil: Crítica da divisão do trabalho pedagógico e da didática, de Luis Carlos de Freitas, Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações, de Dermeval Saviani e Metodologia do ensino de educação física de um coletivo de autores de que fazem parte Michele Ortega Escobar e Celi Taffarel. Encerro o livro me alinhando aos que apontam a necessidade de avançar a formação dos professores para a tomada de consciência do papel da educação na economia política e a necessidade de nossa organização alinhada aos interesses da classe trabalhadora na luta pela superação das relações de produção capitalistas.

É necessário deixar claro que trabalhei para recolocar as questões acerca do tema da prática nos trilhos de uma abordagem materialista e dialética do problema. Boa parte, num ajuste com a minha própria consciência anterior, em parte, chamando a atenção da comunidade acadêmica para os idealismos da práxis e para o pragmatismo que predomina em tendências muito fortes que negam a formação para conhecer a realidade e apressam-se em empurrar os professores para o campo, como se a experiência fosse suficiente para possibilitar conhecer a realidade. Recuperamos com Marx que “[...] toda ciência seria supérflua se houvesse coincidência imediata entre a aparência e a essência das coisas” (MARX, K. O Capital. Livro 3, Volume 6, p. 939, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, s/d.). Toda a ciência seria supérflua se o contato imediato com a realidade revelasse imediatamente a complexidade das múltiplas determinações da sua materialidade.

É com muita alegria que lanço este livro no EPEN, agradecendo a todos a preciosa presença!!

Deixo o link para aquisição de exemplares: Link de acesso para pedidos de livros: https://forms.gle/3g1xw2dBN6iSrHaH6

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